Confira na íntegra a entrevista do ex Vereador de Florianópolis, Tiago Silva, suplente do Partido Popular Socialista, o primeiro gay a assumir uma cadeira na Câmara Municipal de Florianópolis. Tiago Silva luta pela causa gay e é um dos idealizadores da Parada da Diversidade de Florianópolis
Quem é Tiago Silva?
Um Manezinho nascido e criado no Morro da Caixa e depois no Morro do Mocotó. Uma pessoa que nasceu com a alegria na veia e que não se abala fácil. Eu transformo um limão em uma limonada.
Quando começou na carreira política?
Há uns 5 anos. Eu entrei como coordenador de marketing e eventos da Secretaria Municipal de Turismo, na Gestão do atual Prefeito Dário Berger. Antes eu conclui o Curso de Ciências Sociais na UFSC e trabalhei no Ministério Público, que foi uma Faculdade pra mim. Lá eu aprendi muito nas diversas áreas em que trabalhei, foram 5 anos de muita experiência adquirida.
Eu entrei na política por acaso, por que na verdade eu nunca quis ser político, não corre na minha veia essa vontade, nunca tive esse sonho. Pra mim a pessoa deve nascer político, caso contrário não dá certo. Mas enquanto eu estiver ao lado dela, farei o possível e o impossível para acabar com as diferenças sociais.
Sofreu algum tipo de preconceito?
Sofri, e muito. Todo mundo me julgou sem ao menos me conhecer. Acharam que eu iria chegar à Câmara Municipal gritando e fazendo escândalos, quando, na verdade, meu objetivo em assumir aquela cadeira era outro. Depois todo mundo percebeu quem eu realmente era, diante dos meus pensamentos, das minhas idéias e dos meus pronunciamentos, passei a ser respeitado. Mas infelizmente Florianópolis continua ainda é muito preconceituosa e a Câmara Municipal também. Um exemplo disso é o fato de não termos nenhuma mulher no parlamento, falta sensibilidade, faltam Vereadores que legislem em favor dos direitos das pessoas, em favor das crianças, das mulheres e dos gays também. No meu discurso de despedida eu me emocionei muito, acabei chorando na tribuna, depois eu fiquei sabendo que tinha sido o único Vereador a chorar na tribuna. Os vereadores são durões e nem um pouco sensíveis.
Como surgiu a idéia de trazer a Parada da Diversidade para Florianópolis?
Eu sempre tive vontade de trazer a Parada pra cá, porque Florianópolis era a única capital do Brasil que não tinha nenhum tipo de manifestação gay. Eu sempre me reunia com os amigos no Bob´s, que ainda não era um reduto gay, e a gente ficava ali conversando e sonhando com a Parada aqui em Floripa. Em 2005 nós fomos para a Parada de São Paulo e eu me deslumbrei, vim falando no ônibus que eu iria sim trazer a Parada pra cá e eu trouxe.
E como foi a primeira edição da Parada?
Foi em 2006. Aquele ano nós estávamos fazendo uma homenagem ao Ricardinho Bavasso (jornalista encontrado morto com um tiro no ouvido no bairro Trindade). Nós da organização estávamos esperando 5 mil pessoas, o que pra gente já tava muito bom. No dia não parava de chegar gente, o que resultou num público de 30 mil pessoas.
Teve muita dificuldade?
Muita, ninguém acreditava na idéia, todos achavam que era bobagem e que não iria dar certo. Florianópolis ainda é muito tradicionalista, quem manda na cidade, infelizmente, são os sobrenomes de peso, sobrenomes famosos.
Como foi atuar com o vereador por dois meses?
Na verdade foi um marco para a cidade. Fui o primeiro gay a assumir uma cadeira na Câmara Municipal de Florianópolis. Eu não assumi simplesmente para atuar nas causas gays, meu compromisso é com a sociedade em geral. Tenho compromissos também com a mulher, com a criança e com a juventude. Meus projetos são sociais e para todos. E é claro que eu não assumi por esses 60 dias pra ficar parado, eu queria sim aproveitar o tempo para trabalhar e fazer a diferença.
E a conquista de conseguir aprovar um projeto de lei de sua autoria?
A satisfação maior foi aprovar o projeto em plena semana da diversidade em Florianópolis. Reunimos um monte de gente e fomos lá para o plenário defender nossos direitos. E isso foi o mais emocionante. E já estava na hora mesmo, essa lei já deveria estar aprovada há muito tempo.
Quais são seus projetos futuros para o público gay de Floripa?
Eu estou escrevendo uma peça de teatro que se chama “Divas na Ilha”, as atrizes convidadas serão as Drag´s mais conhecidas da ilha como a Selma Light, Marluce May, Kátia Karão e outras. E ainda quero escrever um livro e provavelmente o título vai ser “A Parada da Diversidade na Ilha de Santa Catarina”.
Ping Pong
Nome – Tiago Silva
Idade – 27 anos
Uma comida – Churrasco
Um cheiro – Eu adoro perfume
Uma pessoa – Sandra Arantes do Nascimento, a filha rejeitada do Rei Pelé
Uma conquista – Meu carro
Uma palavra – Amor
Um sonho – Eu tenho vários sonhos, mais o maior é a educação, que as pessoas tenham acesso a ela.
Um lugar – Praia
Recadinho para o Blogay Floripa – Que o Blog sirva de acesso para a diversidade, que lá as pessoas possam se encontrar. Além disso, encontrar também respostas, participarem de enquetes, ler as matérias, os artigos e que as pessoas encontrem uma forma de se assumir diante da sociedade. A maioria dos gays que eu conheço vive agustiados por não terem coragem de se assumir. Se eles se assumissem a vida deles seria outra.
Clique aqui e veja o making off da entrevista com Tiago Silva
Valeu Tiaguinho, o Blogay Floripa agradece a entrevista e o exemplo que ser humano que você é.
Foto: Fernanda Martinelli
Foto: Fernanda Martinelli
2 comentários:
adorei o blog esta de parabens beijosssss
Tiago Silva Ex vereador
O Tiaguinho faz história aqui em Floripa, ele ralmente luta para defender os gays e lésbicas.
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